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3 de agosto de 2012

A dor e as incertezas de Nilcilene








Agricultora que foi obrigada a abandonar sua terra no sul do Amazonas ainda não sabe que destino lhe aguarda


DE Elaíze Farias


Passados quase três meses desde que foi obrigada a abandonar sua casa, sua terra, suas plantações e sua história de luta, no sul do Amazonas, a agricultora Nilcilene Miguel de Lima ainda está com destino incerto. E não apenas isso. Nilcilene anda se sentido um estorvo, um incômodo para quem teria obrigação de lhe ajudar: o poder público.
Doente física e mentalmente, Nilcilene não sabe para onde ir. Não encontrou ainda uma nova terra para recomeçar sua vida e já se sente pressionada “pelos direitos humanos”, como ela costuma se referir à Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República. “Querem se livrar de mim. Querem que eu encontre uma nova área urgente, mas não consegui. Me ofereceram um terreno onde não dá pra plantar”, me contou ela esses dias.
Nilcilene não está implorando por terra, não quer um favor, embora tenha humildade de pedir ajuda. Ela tem uma terra, na Gleba Iquiri, no sul da região do município de Lábrea. Ali é um local tão distante, tão longe de tudo, que se você mora na sede de Lábrea, para chegar em Iquiri, o melhor a fazer é viajar até Acre ou Rondônia e retornar para o Amazonas.
Essa terra de Nilcilene era (ou é, porque a agricultura tem esperança de um dia retornar) de direito. O assentamento é legalizado pelo Incra. De tanto denunciar invasões, desmatamento, pistolagem, ameaças, roubo de terras de agricultores, Nilcilene virou alvo fácil dos matadores. Teve que fugir para não perder a vida.
Soube que a ajuda “dos direitos humanos” tem prazo para acabar. Um dia desses conversei com a Nilcilene e é evidente que ela está desesperada, angustiada, não sabe o que fazer. Está enferma, abatida, contando com a ajuda das coordenadoras e membros da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Na semana passada, durante um evento sobre ecofeminismo na Universidade Federal do Amazonas, citei a Nilcilene como símbolo deste movimento ainda novo para muita gente (inclusive para mim, uma feminista das antigas, embora não tão mais militante), do engajamento, da luta das mulheres valentes e incansáveis. Assim como eu, a Nilcilene certamente não sabe muito bem o que é ecofeminismo. Eu, de minha parte, ainda estou pesquisando. Vendo onde posso me encaixar, verificando se é isso que quero e que faço ou posso fazer.
Longe das teorias e dos discursos fluentes das lideranças dos mais recentes movimentos feministas, esta mulher amazônica, nascida no seringal, que fala com raiva de sua dor, merece ter sua voz e sua luta repercutida e divulgada para os quatro cantos do país. E do mundo

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Um dos maiores absurdos e o poder público não diz a que veio,essa história beira um dos maiores absurdos da história do país,onde está Dilma? Onde estão Sr. Omar Aziz e senhor prefeito de Lábrea? por que o congresso não age? por que as autoridades não agem contra os grileiros de tera? no fim meus caros leitores essa senhora irá ser assassinada e lembrem-se do que escrevo hoje,farão homenagem a ela...mas quando ela mais precisa de ajuda,ninguém aparece,é um direito dela,porém ela é pobre né?

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